Leitura da Fauna

Leitura da fauna

Curimatã - A experiência do pescador, para saber se vai chover, é a curimatã ovar. No ano que é mau, ela só ova, aqui acolá, uma. E só de um lado. No ano que ela está esperando uma enchente grande, então ela ova os dois lados. As duas laterais dela ficam bem ovadinhas. A mesma coisa acontece com o peixe coro.
Gado - Na época do inverno, quando começam as chuvas, mas pára de chover dois ou três
dias, observamos o gado. Pela manhã, vamos buscar o gado no cercado. O gado está malhado, com a frente para o poente -quer dizer, dando os quartos para a chuva. Quando ele se levanta, ele tem um modo de dar com os quartos, ficar patinando. Aí a gente diz: "Hoje vai chover!", e é certo. Pode esperar que duas, três horas da tarde, a chuva está caindo.
Três coco - Três coco é uma espécie de codomazinha. Quando pegam um bom inverno, eles ficam só no baixio. Quando é de manhãzinha, ele empurra o grito: "três coco, três coco". Aí a gente fica logo animado, quando ele começa a cantar. Isso é sinal de que já está bem pertinho de chover.
Gata - Se no mês de janeiro a gata der cria e comer os gatos, seus filhos, é uma seca de fazer medo.
Borboleta - Quando termina a reprodução dela, que ela botou o ovo, o ovo se transforma em lagarta que se encanta formando um casulo que apita as doze horas do dia como se fosse uma cigarra. Quando é época de procriação, elas começam a assobiar para ter o contato entre o macho e a fêmea. Elas começam a assobiar, um assobio fino. Elas fazem isso para a procriação. Elas vão tendo aquele contato, vão tendo aquele contato para se reencontrar. Aí, quando é a pegada do inverno, o casulo rompe, se desencanta e vira borboleta. A lagarta que tem ali dentro estoura, ela mesma fura aquele buraquinho, cria asas e voa. Elas saem, se encontram, fazem o acasalamento.
Tatu - Essa observação é feita no mês de dezembro: se a gente for caçar para pegar tatu e a
fêmea tiver apenas com dois ou três tatus, o inverno vai ser um invernozinho fraco. Se a gente pega ela com quatro tatus, aí é um inverno forte.
Aruá-da-serra - Quando ele está prevendo um bom inverno, ele se trepa naqueles matos, naquele velame, para desovar. Ele trepa tanto que arreia os galhos do velame. Quando o ano não é bom, ele não faz isso: você chega num pé de velame, você vê um aruá por acaso.
Sapo - Quando o sapo cocoreja, esturra, parece que o macho avisa para a fêmea que a
fecundação está próxima. Eles só esturram quando está próximo de chover.
Fura-barreira - É um pássaro agoureiro, só sai depois que chove. Ele põe no chão e só se reproduz quando a terra está molhada. Como só faz o buraco em barreira, ele fica na expectativa esperando que chova. Quando ele está esperando para pôr e o inverno não dá trégua, o que é que ele faz? Ele não cava o ninho no pé da barreira, e sim no pico da barreira, e aí quando a gente vê ele cavar o buraco alto é porque não vai ter verão, vai chover todo dia.
Tetéu - Durante o dia, eles fazem a imigração, caçando alimentos. À noitinha, regressam para um campo seco, onde tem um campo limpo. Quando passa uma pessoa, uma raposa ou outro bicho, eles fazem aquela gritaria para se defender, que não é para dormir, mas para ninguém se aproximar deles.
Formiga (1) - Ela faz uma barragem quando está esperando chuva. É para a água da chuva não correr para dentro da casa dela. No verão, ela faz a morada dela, mas não faz essa barragem em volta. Na barragem tem até um desnível para a água da chuva não entupir a morada dela. É mais inteligente que aquele pessoal da periferia que mora na beira do rio, lá em Natal. Eles constroem aquelas casas, mas se fosse a formiga, não construía, pois sabia que o rio ia e carregava.
Formiga (2) - Quando está esperando enchente, mesmo no período chuvoso, começa a sair e fica fora da bacia da lagoa.
Formiga (3) - A formiga de roça, prevendo inverno, joga fora todo o bagaço e vai buscar folha para fazer o colchão lá na morada, porque a oca dela é muito grande! Ela faz uma oca de 10 a 20 metros abaixo do chão. Ela tira toda aquela bagaceira para fora e, no inverno, ela bota folha nova para, justamente, ter aquele gás para se aquecer no período chuvoso. Em pleno sertão nordestino, quando a gente vê um fenômeno desse, é claro e evidente que é sinal de um bom inverno.
Preá - Quando está esperando uma seca, ele se castra, o macho se castra.
Tejo - Quando está esperando uma seca muito grande, ele come o próprio rabo.
Galinha - Quando às três horas da manhã ela desce do poleiro e vai para o terreiro, dificilmente dá um ano bom de inverno. Ela fica o dia comendo semente no tabuleiro, caçando
recurso, e só sobe para o poleiro às 6h30, 7 horas da noite. Quando ela está esperando um bom inverno, às 5h30, ou quando o Sol se põe, ela sobe para o poleiro e só desce quando o Sol aponta no outro dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário